segunda-feira, 5 de julho de 2010

Um dos problemas mais questionáveis da sociedade desde a revolução industrial no século 18,é o crescimento desordenado que ocorre nos grandes centros do país em desenvolvimento. A maioria da população, que não tem condições de se instalar em locais adequados para moradia, acaba se fixando na periferia, muitas vezes em locais impróprios como morros e barranco, criando as favelas.
A situação das pessoas que habitam esses locais é crítica e perigosa, haja vista o desnível de terra e a precariedade das casas, pois sem condições mínimas de segurança, torna-se difícil a essa população erguer uma estrutura que suporte os fenômenos naturais, como as chuvas que destruíram mais de 200 casas no Morro do Bumba (RJ) no início do mês passado.
Segundo reportagem divulgada pelo jornal Correio Braziliense de 24 de fevereiro, no terremoto do Haiti em janeiro deste ano, 220 mil pessoas morreram soterradas nos escombros das construções. “ Uma nação que vivia em condições precárias agora enfrenta o desafio da sobrevivência”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reportagem. As pessoas que moram nas periferias do Brasil também vivem em condições precárias e num cenário pós-chuva acabam vivenciando praticamente uma questão de luta pela sobrevivência. O que indaga a voz brasileira é o questionamento sobre os R$800 milhões que o governo brasileiro enviou nos últimos cinco anos ao Haiti em missão de paz, (número divulgado no UOL notícias em 15 de Janeiro) e aos mais de R$ 20 bilhões que foram entregues após o terremoto. Toda a quantia poderia ter sido, também, aplicada para auxiliar no restabelecimento da ordem após as catástrofes naturais, cada vez mais comuns.
O governo brasileiro tem consciência do risco que as pessoas correm quando instalam suas casas em áreas periféricas, e esse risco aumenta toda vez que chove. O que falta é um pouco de atitude. Dinheiro, pelo jeito, o governo tem.
A necessidade de ajuda humanitária internacional é inquestionável, pois milhares de pessoas vêm sendo vítimas de tragédias da natureza que aconteceram pelo mundo nos últimos anos. Porém, o Brasil também não pode abrir mão dessa ajuda, que se faz necessária devido à precariedade das periferias. É perceptível que R$ 800 milhões gastos em cinco anos, não seriam suficientes para suprir todas as necessidades do país em relação à moradia em áreas de risco e que estão em formação, mas é preciso que haja um primeiro passo, um ponto de partida.
Quando o governo precisa de votos, promete melhorias, qualidade de vida e implantação da “igualdade social”, que de igual só tem promessas. Os anos passam, as gestões governamentais mudam, as promessas são sempre as mesmas e a situação da população brasileira continua igual.
Se o país tem capacidade para “socorrer” outros povos internacionais e outros países quando se encontram num estado de calamidade, provavelmente tem fundos para começar um trabalho de reestruturação de moradias dessas comunidades, ou dando condições para que esses indivíduos se fixem em locais seguros. É mais viável investir em medidas preventivas, do que ter de gastar muito mais depois, reconstruindo a destruição deixada por catástrofes que poderiam ser evitadas.
(Meiryellen Formigoni)
(Postado também em: www.jornalmateriaprima.com.br - EDITORIA: Opinião)

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