quinta-feira, 8 de julho de 2010

O vício da Centopéia.

Todo mundo tem uma loucura escondida, um vício irreversível, um fetiche complicado.
O que fazer quando o 'instinto' pulsa mais alto que a necessidade?
Me questiono várias vezes, sempre que entro em uma loja de calçados.
Não, eu não sou uma centopéia, mas meu quarto se estufa com tantos pares. Cores. Modelos.
Tudo parece lindo. Realmente é maravilhoso poder escolher qual usar. Ter 5 pares com cores diferentes do MESMO MODELO! É show. E ter vários pares de diferentes modelos de inusitadas cores? MARAVILHOSO não Acha?

Mas, será que é necessário?

Essa é a dificuldade que os seres humanos encontram pra uma peça básica da vida: o auto controle. A mão coça, os pés já se sentem belos com os modelos.

A moda lança todos os anos coleções de arrazar. E essa necessidade de comprar, é introduzida desde quando somos crianças, e temos que escolher entre a 'sandália da xuxa' ou a "sandalia da ivete". Parece bobo, mais desde cedo aprendemos que a sociedade impõe padrões, que se fazem necessários seguir para não ficarmos fora do 'circulo'.
Este maldito capitalismo, que corroe meu salário, minha pasciência, minha busca pela exatidão.
Um corpo perfeito.
Esse círculo que mais parece um Circo. Onde pessoas ligam mais pra vestimentas do que pro coração. Onde relacionamentos se baseiam no sexo ao invés do amor.
Essa é a bruta realidade na qual vivemos, e cá entre nós, nos acostumamos. E de certa forma, estamos adorando.
Eu ainda me pergunto, porque tenho mais de 50 pares de sapatos, se eu só tenho dois pés???
É o vício da Centopéia. Compra - se cada vez mais, mesmo não havendo necessidade. Só por luxo.

Enquanto isso, se parassemos pra pensar, tem tanta gente passando fome...

Deveriamos nos preocupar com os excluídos do sistema por pobreza, não por não ter o mais novo modelo da Colcci.
Usa- se o que a vitrine oferece sem sequer analisar o que cabe melhor no nosso corpo. Compra-se as cores da estação, mesmo que estas, ceguem os olhos de tão fluorescentes.
Mais estamos ai como bonecos vivos ("felizes" e acomodados) no "circo capitalista."
Lembra da menina brega da faculdade?
Okey, Okey. Ela podia até ser 'brega', mas era a única que andava com as próprias pernas, que usava o que queria.
Não seguia tendências mas também não se rendia a vontade alheia, inserida pelo mercado.

Um comentário: