segunda-feira, 5 de julho de 2010

Fonte segura não compromete a notícia



O jornal impresso necessita de atenção em todo o processo produtivo, exigindo seriedade e participação de toda a equipe

Como em toda profissão, no jornalismo também se erra. Seja por falha na apuração, erros de digitação (e, por que não, de português), correria do fechamento da edição e, o pior de todos, deficiência na checagem da informação que se obtém das fontes. O jornal impresso é um dos meios em que se percebe com mais clareza essa situação. Comumente, o leitor se depara com erros e informações incoerentes que nem sempre são corrigidas a tempo ou que ocorrem por falsos depoimentos de fontes nem tão confiáveis como deveriam ser.
A checagem da informação é imprescindível. Poderia ter evitado, por exemplo, que em reportagem publicada no dia 10 de novembro de 2009 no Diário Online, versão eletrônica do jornal "O Diário do Norte do Paraná”, tivesse estampado por alguns momentos a manchete “O "Hospital Municipal de Paranavaí é interditado após denúncias de irregularidades". Na verdade, o hospital que havia sido interditado é o de Paranacity, município que fica a 46 km de Paranavaí. Nesse caso, o conteúdo da reportagem estava correto. O erro só ocorreu na manchete. No caso do jornalismo online, o erro pode ser visto e alterado rapidamente. No entanto, se fosse no impresso, levaria no mínimo um dia para ser "consertado" com uma correção - diga-se de passagem, sem o mesmo destaque e espaço dados ao texto original.
Uma empresa jornalística deve zelar pela seriedade, ter compromisso com a verdade e checar as informações antes da publicação. Quando ocorrem erros frequentes a empresa acaba, de certa forma, perdendo a credibilidade do leitor, do internauta que acompanha as manchetes online e da sociedade, que confia aos jornalistas a responsabilidade de tornar públicos os fatos.
Uma falha gravíssima que deve (e pode) ser corrigida diz respeito às declarações das fontes consideradas “seguras” que, até por essa razão, acabam não são checadas pelos jornalistas. O editor, na pressão do fechamento, acaba negligenciando a leitura texto a texto e mesmo se a informação está completa ou se há algum dado confuso e/ou errado. Todo jornalista tem o dever de confirmar, checar e ter certeza daquilo que vai ser publicado. É função desse profissional, antes de escrever uma reportagem, estar convicto das informações que apurou.
Mas não devemos culpar apenas uma “peça” desse “quebra cabeça”. Antes de criticar os erros cometidos pelos jornalistas deve-se também apurar em quais condições de trabalho eles estão exercendo suas funções. Todo acúmulo de atividades pode, em última instância, comprometer a qualidade final do que se produz. Se isso vale para qualquer segmento, não pode ser diferente no jornalismo. A convergência das mídias está levando alguns a se desdobrarem para levar informação ao mesmo tempo a diversos públicos.
Para que essas novas rotinas não configurem, num curto espaço de tempo, prejuízo à qualidade da informação, é necessária a consciência dos jornalistas sobre a responsabilidade social que exercem. Treinamento específico, jornada e distribuição de tarefas compatíveis devem ser respeitadas. Depois vem o segundo passo, que fica com o jornalista. Deve conferir palavra por palavra, ter certeza da veracidade do que está publicando e não levar aos leitores meras reproduções de entrevistas.
Isso é o que chamamos de cuidado com a notícia, porque esse é o produto que o profissional da comunicação oferece. Não é só a imagem do jornalista que assinou a reportagem que está em jogo, mas a imagem da empresa toda e o trabalho que ambos desenvolvem. É um serviço prestado a toda a sociedade.
(Meiryellen Formigoni)
(Postado também em: www.jornalmateriaprima.com.br - EDITORIA - Crítica)

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