segunda-feira, 14 de junho de 2010

Fanatismo brasileiro “entra em campo”

(Reportagem feita pelos acadêmicos de Jornalismo: Meiryellen Formigoni e Pedro Henrique Grava)



Torcedores não se privam de comemorar as atuações da seleção no mundial e decoram o dia a dia com as cores da bandeira

Meiryellen Thais Formigoni Aggio
O maior torneio futebolístico da história, a Copa do Mundo, foi criado em 1928 pelo francês Jules Rimet. A primeira disputa ocorreu no Uruguai em 1930, e contou com a participação de 16 países. De lá pra cá, o torneio foi se consagrando e conquistando milhares de torcedores fanáticos ao redor do mundo. Este ano são 32 seleções disputando o título, entre as quais o Brasil, o único país à participar de todas as copas e conquistou o maior número de títulos.

Segundo o Sociólogo Selson Garutti, 40, a rotina do brasileiro muda quando o mundo entra em época de Copa. “A sociedade tem essa reação porque as pessoas precisam de sonhos, de heróis e crenças para sobreviver no sistema capitalista. Por esse motivo é que a população se identifica com aquilo que é mostrado como paixão unificada e legitima como se fosse algo necessário para a sobrevivência”, diz.

Nesta época, o patriotismo aflora e os fanáticos por futebol usam e abusam das diversas maneiras de se realizarem. Caras pintadas, casas decoradas, coleção de camisas, uniforme da seleção da cabeça aos pés. Pôsteres, cornetas e muita vibração na hora dos jogos. Tudo parece ser insuficiente para aqueles que elegeram o futebol brasileiro como parte essencial de suas vidas.

Segundo o estudante de Educação Física João Pedro Cazela, 20, demonstrar a paixão pelo futebol vai além de “baderna” na hora dos jogos. “Eu torço sempre. Não sou aquele cara só ‘de Copa’, que se fantasia, pinta a cara e acha que é torcedor. Eu acompanho os jogos, as notícias dos jogadores e o dia a dia da equipe. Eu sou torcedor o ano inteiro, não só a cada quatro anos.” Ele conta ainda, que desde pequeno coleciona álbuns de figurinhas das Copas do Mundo e é apaixonado pelo esporte, influência que resultou até mesmo na escolha do curso universitário.

Para o psicólogo Fernando Delarissa, o fanatismo é algo saudável desde que haja limites e consciência. “As pessoas querem se realizar de alguma maneira e acabam se identificando com coisas que se identificam com elas. O problema é quando o fanatismo vira excesso, porque os extremos são sempre prejudiciais.” Ainda de acordo com ele, as pessoas acabam perdendo a noção de valores e perdem também a noção do que seria de fato importante para a vida. Muitas deixam de comprar comida para obter objetos que satisfaçam o desejo fanático. “ É preciso ter controle”, alerta.


Copa do Mundo, a loucura verde e amarela


Rostos pintados, casas decoradas, cornetas, pôsteres e muita torcida compõem o universo do futebol brasileiro


Pedro Henrique Grava
Quando se fala em Copa do Mundo é impossível não apontar o Brasil como favorito ao título, pois é o único pentacampeão e conhecido mundialmente por ser o “país do futebol”. A relação do brasileiro com o futebol é muito forte. Desde pequeno cresce em um cenário onde esse esporte é considerado uma paixão nacional. Em ano de Copa do Mundo, cria-se um clima, em que todos são contagiados por essa emoção. Basta sair às ruas para ver comércio e casas decorados com bandeiras, pessoas por todos os lados com camisa da Seleção, rosto pintado, cornetas, unhas pintadas de verde e amarelo, enfim, todos buscando mostrar a paixão pelo futebol.

Ana Elisa Casasa, 26, dona de uma concessionária de veículos, conta que contratou pessoas especializadas para decorar o estabelecimento e aproveitou o clima de Copa para atrair clientes. “A Copa mexe com todos os brasileiros, até com aqueles que
não entendem de futebol. Como o esporte é uma paixão, decoramos a loja para atrair nossos clientes e para que eles se sintam em casa.”

Há quem diga que futebol é um esporte somente para homens, que mulheres não entendem nada e que só ficam olhando as pernas dos jogadores. O professor de educação cristã Fábio Rafael Vitoreti Costa, 28, torcedor fiel da Seleção Brasileira, pensa diferente. “Aqui em casa, por exemplo, sou o único homem.
Comprei camisa e vários outros acessórios para minha esposa e minha filha. Não penso que futebol é um esporte só para homens. Gosto da presença delas do meu lado, sinto que dividimos a mesma alegria quando o Brasil vence”, diz.

Costa ainda conta que viu no futebol um modo de incentivar a filha Sara Vitória de 2 anos, a crescer com uma identidade patriota. “Todos os jogos quero assistir com ela. Se desde pequena estiver inserida em um meio onde demonstramos uma paixão pelo país, tem grandes chances de ser como eu. Ter uma identidade patriota além dos gramados.”

A paixão do brasileiro por esse esporte é realmente grande. Não é exagero dizer que existem torcedores fanáticos. Os vizinhos Jean Polônio, 35 e Éder Ferreira, 52, representantes comerciais, são moradores da Rua Carlos Meneguetti, Zona 17, região sul de Maringá. Ambos dizem ser torcedores fanáticos da Seleção Brasileira. Como prova disso, passaram o ultimo dia 12 decorando com bandeirinhas a rua e as casas deles, pintando postes, árvores, calçadas de verde e amarelo e até uma bandeira do Brasil no meio da rua. “Somos torcedores fanáticos, adoro futebol e, como todo brasileiro, sou apaixonado por futebol. Resolvemos decorar a rua para transmitir essa emoção aos demais, para todos entrarem no clima e torcer pelo Brasil”, diz Polônio.

De acordo com Ferreira a torcida não acaba somente nas decorações. “Cada jogo é [assistido] em uma casa”. Na estréia do Brasil, no ultimo dia 15, todos assistiram ao jogo na casa dele.A designer de interiores Laudiceia Dias, 41, explica o porquê de as pessoas gastarem tempo e dinheiro com decoração. “Através da decoração é possível você expressar o que é, aquilo que gosta. Mostra para todos suas emoções. Como o brasileiro é fanático por Copa, é comum ver por aí nem que seja uma simples bandeira, pendurada nas casas”.


Por: Meiryellen Formigoni e Pedro Henrique Grava)
(Publicado também em www.jornalmateriaprima.com.br - EDITORIA: Reportagem)

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