sexta-feira, 23 de abril de 2010

Projeto de bairro destaca cultura afro

Atividades desenvolvidas por meio de oficinas melhoram o relacionamento social da comunidade do João de Barro

A Praça Zumbi dos Palmares, localizada bem no meio do Conjunto Habitacional João de Barro, zona sul de Maringá, é palco para atividades que, desde 1995, buscam apoiar a população negra do bairro e homenagear a cultura afro descendente. Embora não tenha nem sede própria, o Centro Cultural Jhamayka - nome oficial do projeto - funciona graças à dedicação do servidor público Osmar Batista, 51, o Jamaica, como é conhecido no João de Barro.

Com apoio de familiares, amigos e profissionais especializados, Jamaica criou oficinas para disseminação da cultura afro com a participação da comunidade. Essas oficinas contam com a ajuda de Paulo Francisco, 38, o popular Bahia, que além de educador social é especialista em cultura afro brasileira.

Bahia, por meio de seus conhecimentos auxilia no contexto teórico do projeto. “Os jovens que participam de oficinas, como a de capoeira, não aprendem apenas como lutar. Aprendem também o significado disso tudo na cultura afro”, explica. Além da capoeira, o projeto desenvolve oficinas de percussão, trançando cultura, o Conto do Nagô, e Dança Africana que ocorrem duas vezes por semana, na Praça Zumbi dos Palmares, no bairro.

Segundo Jamaica, as crianças que participam das oficinas melhoram a própria desenvoltura. “Muitas têm por natureza a timidez e a dificuldade para se relacionar, mas ao entrarem em contato com as atividades e com as outras crianças, acabam se soltando, e isso é perceptível até mesmo para a família.”

Segundo a empregada doméstica Luciane Santos, 28, mãe dos gêmeos Maicon e Marlon, 9, as oficinas melhoraram muito o desempenho de seus filhos no colégio. “Antes eles não participavam das aulas porque tinham vergonha. Hoje o difícil é fazer com que eles fiquem quietos,” afirma. “A gente não vê a hora de chegar em casa, colocar o uniforme e ir para o treino”, completa Marlon.

Na casa de dona Márcia da Silva, 34, não é diferente. A filha Amanda, 10, participa de duas oficinas, Dança Africana e Capoeira. “A Amanda fica muito ansiosa quando tem apresentação de dança, e isso me deixa contente, porque enquanto ela pensa em dançar, não se desvia para o lado errado”, afirma.

“O nosso foco principal são os jovens. Nós queremos que eles tenham consciência daquilo que é correto. Como educador social, acredito que independentemente da cultura ou das condições que cada um vive, o importante mesmo é que o nosso trabalho continue, e que o tema do nosso projeto sirva de exemplo para toda a sociedade. Hoje quando o Jamaica diz que transformar é possível, eu acredito”, declara Paulo Francisco.

(Por: Meiryellen Formigoni / Para: Jornal Matéria Prima, edição 293)

linck: http://www.jornalmateriaprima.com.br/menu/geral/?id=95



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